segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Desabafo

Sabe, tem um dia, depois dos 30, que tu te dá conta de algumas coisas. Um dia, tu percebes que tá na hora de ser aquele cara que tu tanto criticavas. Aquele que fazia coisas ridículas, que contava piadas bobas, que tinha barriga, que não era o melhor. Tu te dá conta que tu queres ser teu pai. Essa é uma parte que dói. Teu pai não é ator de cinema, não joga que nem o Pelé, não é rico, nem escreve que nem o Machado de Assis. Mas, por outro lado, ele é teu pai. Serve pro meu avô também. É estranho perceber que o teu herói da fase madura não tem capa. Que erra que nem um coitado, que bota as pernas pelas mãos, mas mesmo assim tu só querias era ter o que ele tem: uma família. Ele que eu vi tão frágil, quando enfartou duas vezes, é meu super-herói. E ele tem um monte de defeitos. Um monte. Eu vejo todos e nunca perdoei nenhum. Piscavam pra mim. E tudo o que eu queria era ser ele. Ser casado há quase 39anos, ser íntegro, ser um homem de verdade.

Pois é, cada dia que passa assumo mais minha fragilidade. A de não saber o que vai ser da minha vida. Se vou ficar em Porto Alegre, se vou pro Recife. Se vi certo, se vi errado. Se eu me quebrarei de novo. Se vou descobrir que ela falava mal de mim pelas costas. Se ela é uma criançona e eu ocultarei isso de mim. Se ela é isso, se é aquilo. Tenho dificuldade de escolher de quem gostar. Errei em todas as namoradas que tive. Na última, muito. Será que estou errando de novo. Sim, porque estou apaixonado. Sim, porque ela me manda mensagens lindas. Sim, porque ela me fez feliz. Sim, porque tudo pode ser apenas coisas da minha cabeça. Sim, porque já gostei de quem nunca deveria ter gostado.

Olha, eu falei muito pra Carol, que ela deveria achar alguém daqui e tal. Aí, vou lá e faço o mesmo. Sabe, eu deveria pedir desculpas pra ela por ter desencorajado-a. Pronto, faço isso agora. Eu vivo hoje o que ela vivia. Ninguém dá coragem pra ti, todo mundo te diz que é loucura, que é isso, que é aquilo. Tu não tens força pra lutar, mas luta. Vai lá e compra a passagem. A grana dói, a insegurança também. Hoje, fui na casa da minha avó. Falamos de amor, o dela pelo meu vovô, o da irmã dela pelo marido. A vida é curta, são os amores que norteiam ela. Lá, tá minha vovó, apenas, esperando morrer. Chorando por um amor de 64 anos, que se foi. Então, de que vale a vida assim sem aventura. É, dói crescer, mas dói mais ainda não ir atrás da felicidade.

4 comentários:

Vica disse...

Péra lá no ninguém te dá força. Eu vivo dizendo pra Carol ir lá e meter a cara. Digo o mesmo pra ti. Ontem não importa, pára de olhar pra trás e vai em busca do que tu queres. Só tu pode viver a tua vida. E arrependimento mata sim. Melhor fazer o que se tem vontade, arriscar.

Carol disse...

Nunca encarei tuas palavras como desencorajadoras. Tu apenas demonstrava preocupação para comigo, eu aprecio isso pois é raro hoje em dia. Acho sim que tu deves ir atrás do teu amor, esteja ele onde estiver. Apenas 2 sentimentos movem o mundo, Marcelo: o amor ou o ódio. Eu optei pelo amor, estando ele aqui ou na Oceania. Muito obrigada por todas as palavras ditas e pelo ombro amigo nas minhas horas difíceis. Tu sabes que gosto muito de ti e que tens o meu apoio. Segue teu coração, afinal, é melhor se arrepender do que fez do que aquilo que não fez.
Beijocas.

Dani disse...

Bom, tu sabe minha opinião sobre isso: vai atrás do que te faz feliz, esteja onde estiver.
E conte com a minha torcida sempre.
Beijos

Carla Arend disse...

sabe, eu já fiz isso pra ver no que dava

deu merda
me fodi toda
de verdade
gastei uma grana
dispensei planos concretos em busca de uma ilusão de felicidade eterna

hahaha

e quer saber?
faria de novo. tudinho.