Sentada na varanda, ela queria apenas sumir dali. Ele deitado, não queria mais do que mais uma carteira de cigarro. Eram duas partes de dois quebra-cabeças distintos. Amavam-se. Sempre que trepavam, era de um jeito louco, efêmero. Sempre tinha jeito de ser a última vez. Sempre.
Ela era amiga de um amigo dele. Um dia, encontraram-se numa festa. Barzinho da moda. Ela olhou pra ele, estava falando com alguém. A caipirinha estava pela metade. Quando deu-se conta, ele estava do seu lado. Foi rápida a coisa, disseram seus nomes, depois ele foi pegar a caipirinha da mão dela, no caminho olhou nos olhos dela e a boca, que estava perto da dela, foi instintivamente em direção da sua futura namorada.
A noite quente, a cerveja esquentando, os olhos com vontade de chorar. A lua estava grande. Laranja. Porto Alegre é muito quente nessa época do ano, ela pensou. Como será que está em Londres? Embaixo, no apartamento da senhora viúva, tocava ne me quittes pas. Ela não entendia, mas era uma súplica deles, dos dois. Principalmente, dele. Tinha medo de ir pra outro país, medo de não ser ela. Medo de perder a liberdade, medo de várias coisas que nunca são reais.
Ela não. Tinha pensado milhares de vezes se mandar. Queria resolver algumas incógnitas. Mas isso era dela. Nunca fora dele. Tinha medo de perdê-la. Ele era um medroso. Amava-a doentiamente. Ninguém lhe dera tanto prazer quanto ela. Era muito feliz com sua namorada. Tanto que de noite até ficava olhando ela ressonar, enaquanto fumava um cigarro. Perdê-la. Saber que sua amada estaria com outro passeando pelo London Eye, era terrível.
Sentada, ainda, com os braços em volta das pernas. Mariana gostaria de saber se eles ficariam juntos mais um ano. Depois de formados, a vida ficou uma merda. Nada de emprego, nada de casa deles, nada de nada. Lá, em Londres, seriam só os dois. Poderiam viver como queriam. Mas será que daria certo? Será que ficariam juntos? Ele era meio bagunçado, nada que importasse muito pra ela. Entretanto, tinha o lance da grana. Quando um casal fica sem dinheiro, começa a brigar. Tinha medo que tudo desse errado. Ele era muito paradão. Teria que se mexer lá, fazer serviços que nunca sonharia desempenhar em Porto Alegre. Trabalhar de garçom, pedreiro, essas coisas.
segunda-feira, 20 de agosto de 2007
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4 comentários:
Como continua essa história? ele vai se mexer ou ficar vendo a vida passar? :)
Oi! estive aqui!
Bjs
Como continua essa história? ele vai se mexer ou ficar vendo a vida passar? :)
Oi! estive aqui!
Bjs
Aguardamos cenas dos próximos capítulos!!! Beijos.
Podem ficar tranquilas, saberão do resto!!!
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